Por Mirna Wabi-Sabi
ChatGPT é um assunto que provoca muito debate sobre o futuro da educação no mundo da escrita. A Inteligência Artificial que escreve esses textos, corretos e bem pesquisados, são uma ameaça apenas para educadores e escritores que esperam que uma boa escrita seja mecânica e inautêntica.
Raramente descrevo textos como “mal” escritos, porque geralmente os problemas de escrita tem mais a ver com fracassar em alcançar um propósito do que com a qualidade da agrupação das palavras. Se o seu propósito como pessoa escritora é alcançar uma certa audiência com uma certa mensagem, mas sua escrita não está satisfazendo esse objetivo, isso não é um texto mal escrito, é um texto ineficaz. Por outro lado, um texto cheio de “erro” gramatical pode ser extremamente eficaz, portanto muito bem escrito.
Toda pessoa que escreve já criou textos que fracassaram em seu propósito. Ninguém nasce sabendo escrever de forma eficaz, e o grande desafio do trabalho de escrita é ter disposição de afinar a mensagem que você quer passar para uma audiência e afiar as ferramentas que você usa para entregar essa mensagem.
O ChatGPT é um robô. Quando um robô for autêntico, usar a escrita dele como se fosse sua seria plagio. Mas não é essa a realidade em que vivemos.
Um texto gerado por Inteligência Artificial é nada mais do que uma máquina automática de venda de texto. E o valor nutricional do que sai dela é aquilo — uma coisa ultra processada, industrializada, que sai igual de todas as máquinas, é eficaz em momentos de escassez, mas se você só viver disso provavelmente vai morrer cedo.
O que estamos fazendo, como escritores e educadores, para estimular a autenticidade? Se na sala de aula a autenticidade não existe, a aula é medíocre e estimula estudantes a serem medíocres. Se um teste é facilmente hackeado por um robô, ele não é eficaz, e quem passa nele não fará um trabalho eficaz.
Isso sem mencionar que já existem ferramentas como GPTZero que visam revelar se um texto foi majoritariamente escrito por Inteligência Artificial, assim como já existem, há muito tempo, diversas ferramentas que visam detectar plagio.
O ChatGPT não é uma ameaça, a ameaça é um sistema educacional de longa data que fracassa ano após ano em formar pessoas jovens para produzir conteúdo intelectual verdadeiro e impactante.
Se estamos preocupados com o ChatGPT, na realidade, deveríamos estar em pânico sobre como o sistema educacional encoraja a imitação e a insinceridade.
Texto muito pertinente e concordo bastante com a crítica apresentada. Esse lance de escrita mecânica, e utilizar gpt para escrever me lembra automaticamente textos acadêmicos que buscam a todo custo separar o possível leitor de entender algo, simplesmente textos cheios de floreios e nada objetivos.