"Por um lado, o jornalismo das mídias sociais pode visibilizar atrocidades e causar um alvoroço pela justiça social, mas, por outro, é ainda mais eficaz para nos distrair deles e garantir que o alvoroço seja estéril."
Por que o jornalismo da rede social não foi mais eficaz em assegurar a justiça social? Alguns argumentam que foi. Ela conecta as pessoas, viraliza a resistência contra o racismo e é útil juridicamente – porque mostra como os relatos policiais nem sempre correspondem às evidências amplamente divulgadas pela população. De fato, as evidências que levam ao clamor público online têm resultados concretos em certos casos e podem impedir a impunidade, como vimos recentemente no caso Ahmaud Arbery nos Estados Unidos. “Demorou dois meses, um vídeo vazado e um clamor público” (Washington Post) para que uma prisão acontecesse. Mas, mesmo com a evidência explícita do que aconteceu circulando nas redes sociais, muitos ainda argumentam que esse caso não evidência a violência racializada presente em todo o país. Desde o fim da Guerra Civil nos EUA, há uma tendência de lidar com a violência racial como casos isolados, até quando ela começou a se manifestar de forma organizada através do Ku Klux Klan. Então, até que ponto essas novas tecnologias conseguem abalar as estruturas racistas da nossa sociedade?
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