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- Nobel de Economia premia a comprovação de que quanto mais branco, mais rico o país
Três homens caucasianos-americanos receberam um milhão de dólares para um projeto de pesquisa que conclui que a riqueza está onde os europeus estão Por Mirna Wabi-Sabi, originalmente publicado na Le Monde . O Prêmio Nobel de Economia deste ano recompensou uma pesquisa que aborda a pobreza de países do ‘Sul Global’. Segundo o presidente da comissão do Prêmio, os homens galardoados contribuíram para a compreensão de que instituições europeias fortes e funcionais tornam nações colonizadas mais ricas. Como tal, a ausência ou fraqueza destas instituições, causada por um lapso na disposição da população de defender os valores europeus que erguem essas instituições, é o que leva à pobreza. Em conclusão, para que um país pobre se torne rico, a colonização europeia deve não só continuar, mas se aprofundar e eliminar de uma vez por todas qualquer reminiscência dos sistemas e epistemologias pré-colombianas. “As Origens Coloniais do Desenvolvimento Comparativo: Uma Investigação Empírica”, de Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson, foi publicado na American Economic Review em 2001. Sua premissa é que a alta mortalidade entre os colonizadores europeus resultou em “instituições extrativistas”, que persistem “até o presente”. A atual extração de recursos para ganhos a curto prazo é um legado colonial causado pelas taxas de mortalidade elevadas entre os colonos. E o fato de a região ter sido hostil aos europeus durante a colonização manteve essas nações num ciclo de “ baixo crescimento econômico ”. Ser menos hostil, ou mortal, para os europeus significou que mais deles sobreviveram, portanto, instituições democráticas puderam ser construídas e sustentadas. O crescimento econômico foi estimulado e, portanto, esses países são agora menos pobres. “De acordo com os laureados, (…) não ocorre nenhuma melhoria” em nações onde as instituições são autoritárias, em contraste a “inclusivas”. Há uma distinção interessante, ou desconcertante, feita entre abordagens “inclusivas” e “extrativistas” da colonização: “Em algumas colônias, o objetivo era explorar a população indígena e extrair recursos naturais para beneficiar os colonizadores. Em outros casos, os colonizadores construíram sistemas políticos e econômicos inclusivos para o benefício a longo prazo dos colonos europeus.” (“ Eles forneceram uma explicação de por que alguns países são ricos e outros pobres “) É desconcertante que as abordagens sejam descritas como crucialmente distintas, quando, na realidade, estão igualmente e exclusivamente preocupadas com o bem-estar dos colonos. “Beneficiar os colonizadores” é literalmente a mesma coisa que o “benefício a longo prazo dos colonos europeus”. Agora, como os “sistemas políticos e econômicos inclusivos” diferem da ‘exploração dos povos nativos e da extração de recursos naturais’? Estes “sistemas políticos e econômicos”, que eles chamam de “inclusivos”, legitimaram a exploração e a extração, uma vez que foram geridos por colonos que só tinham em mente o seu próprio bem-estar. A distinção não reside onde afirmam os responsáveis pela premiação dessa pesquisa – não se trata de como um é mais democrático e humanitário do que o outro, e de como a democracia leva a um PIB per capita mais elevado. A distinção, para aqueles de nós que vivem nesses chamados “pobres países colonizados”, é o que constitui a legitimação da exploração e da extração. A linha entre instituições legítimas e ilegítimas é traçada pelos europeus, neste caso em particular por homens caucasianos-americanos com um Prêmio Nobel. Segundo eles, os países colonizados onde “ os colonos tentaram replicar as instituições europeias ” são opostos extremos daqueles onde os colonos apenas extraíram recursos sem estabelecer instituições ocidentais. Um é o Congo ou o México, enquanto o outro são os Estados Unidos ou a Austrália. Um é rico, o outro não. Um tem um sistema de eleições livres , onde a propriedade privada é protegida e as crianças obtêm diplomas do ensino secundário, enquanto o outro é atormentado pelo crime organizado, os políticos são corruptos e o empreendedorismo não é viável. Os pesquisadores atribuem essas diferenças extremas ao fato de algumas regiões simplesmente não serem convenientes para o assentamento europeu. Eles chamaram essas regiões de “ambiente da doença”. A aniquilação das populações nativas pelos colonos nos países onde estes impuseram as suas próprias instituições “inclusivas” não foi abordada. No entanto, o perfil racial das categorias de nações utilizadas como exemplo é bastante evidente. Os EUA, a Austrália, o Canadá e Hong Kong são ricos, supostamente porque são democráticos. Enquanto o Brasil, o México, a Guatemala e o Congo são pobres porque os seus governos têm sido corruptos ou autoritários. Argumenta-se que se as instituições da Nigéria pudessem “melhorar” como as instituições do Chile conseguiram, “o rendimento da Nigéria” veria um “aumento de 7 vezes”. No entanto, será que a malária e a febre-amarela, na verdade, protegeram certos países de uma maior dominação, expropriação e genocídio às mãos dos europeus? Será que ambos os modelos institucionais, “extrativista” e “inclusivo”, são criações europeias concebidas para subjugar os não-europeus? Será que o conceito de riqueza e os sistemas para a medir são invenções europeias que não foram concebidas tendo em mente o melhor interesse dos países colonizados? Do meu ponto de vista, como brasileira no Brasil, as instituições democráticas e “inclusivas” deste país não fizeram quase nada para proteger as nossas florestas da exploração, e muito menos para proteger as populações nativas da expropriação, da pobreza, do abuso e da morte. Para os pesquisadores, o Brasil é um exemplo de um daqueles países que foram explorados através do extrativismo porque a escravidão só foi abolida institucionalmente duas décadas depois dos Estados Unidos. Se, por um lado, o Brasil teve os seus recursos extraídos, por outro, os Estados Unidos tiveram o seu território deliberadamente povoado por europeus, e esforço foi feito para tornar esta migração em massa atrativa através da instituição de estruturas políticas ocidentais. Essa narrativa não leva em conta que o Brasil fez todas essas coisas, e mais – houve extração, incentivo ao assentamento europeu e à miscigenação, estabelecimento de instituições “inclusivas”, e escravidão, e uma ditadura, e o Mercado Capitalista Livre. Temos até nossa própria Monarquia . E ainda somos “pobres”. Essa pesquisa não se preocupou em saber como tornar as instituições europeias mais eficazes na proteção das pessoas nativas e da natureza. Estão preocupados em apresentar o argumento previsível de que os comunistas são autoritários e pobres, enquanto os capitalistas são democráticos e ricos. Os primeiros exemplos usados no documento “complementar” da American Economic Review para ilustrar a importância das instituições são, nas suas próprias palavras, os “ óbvios ” da Coreia do Norte e do Sul, e da Alemanha Oriental e Ocidental. Três homens caucasianos-americanos receberam um milhão de dólares para um projeto de pesquisa que conclui que a riqueza está onde os europeus estão. Sem discutir o fato que o conceito de Riqueza, como o conhecemos hoje, foi criado por e para europeus, os pesquisadores defendem a democracia e atribuem a falta dela à falta de presença europeia numa região. As pessoas de direita que clamam por um governo pequeno e um capital grande também não estão convencidas por essa pesquisa, por motivos completamente diferentes dos colocados acima. Eles veem o endosso de regulamentações governamentais como uma ameaça à prosperidade da economia. No final, é o mesmo velho debate entre Republicanos e Democratas estadunidenses, não sobre como acabar com a pobreza, mas sobre como continuar a garantir o domínio global do Mercado Livre. Uma investigação como essa, vencedora do Prêmio Nobel, evidencia como a Economia não é uma ciência evolucionária , é apenas uma história lucrativa. _____ Mirna Wabi Sabi é escritora, editora, e fundadora da Plataforma9. É autora do livro Anarco-transcriação e produtora de diversos outros títulos da editora P9.
- Fernanda Young: O Feminismo Alimenta o Machismo?
Fernanda Young, em sua análise sobre o feminismo, ignorou variáveis que não a serviam em sua viajem pelo controverso de alto ibope. ]Este artigo foi publicado em fevereiro de 2020, no site da Inimiga da Rainha .] Fernanda Young foi uma escritora e roteirista da Globo com seu marido. Ano passado [2019], ela faleceu inesperadamente, deixando três filhas e um filho. Esse ano [2020], me deparei com o livro dela de dois anos atrás, “Pós-F: Para além do masculino e feminino,” na Livraria Cultura em São Paulo, e me surpreendi com sua falta de tato em relação ao feminismo. Sua morte, mesmo sendo trágica, não pode se tornar uma oportunidade para ignorar seu legado problemático na construção de um pensamento coletivo Brasileiro onde o feminismo é difamado. Fernanda Young foi uma Rainha que deturpou conceitos abordados por muitas Inimigas do sistema que vieram antes dela. No sistema patriarcal, o homem também sofre, e isso não quer dizer que vamos descartar o feminismo. Mulheres feministas negras abordam o tema dos homens sofrerem neste sistema há décadas. Porém, eu diria que ‘homens sofrem também’ é usado para descartar o feminismo da mesma forma que ‘brancos são pobres também’ é usado para descartar o racismo. A escrita de Young é gostosa, mas a linha de raciocínio é vergonhosa. Ainda bem que no prefácio ela admite: “Achava que deveria partilhar a minha liberdade, inclusive de falar merda — coisa para qual tenho uma técnica, e afeto.” Mas é muita merda mesmo. Começando com: “O feminismo alimenta o machismo.” O machismo existia antes do feminismo, e se alimentava como? Vamos falar de todas as outras coisas que de fato alimentam o machismo? Como, por exemplo, muitos programas de TV…? Se não, nos afundamos na lógica que leva muitos a serem contra a vacina porque já aconteceu [talvez] que causou autismo em alguém. Já aconteceu que uma mulher mentiu e levou alguém a rejeitar o feminismo? Provável. Mas isso explica o machismo? Não. Isso justifica ignorar e rejeitar todos os exemplos de como o feminismo já salvou muitas vidas? Também não. Outro absurdo no livro dela é a transfobia. Para Young só existiam dois gêneros, e querer “mudar de sexo” era uma “precipitação,” porque a sexualidade não precisa disso — basta explorar melhor o seu corpo. É muita ignorância; está claro que ela se preocupou em escrever sobre pessoas trans sem nunca se preocupar em conversar com uma. Conversar e ouvir. Que editor passou o olho naquele capítulo e não se lembrou de avisar que sexualidade e identidade de gênero são coisas diferentes? Talvez tentaram em vão, recebendo a resposta: ‘Censura, jamais!’ E continua… Fernanda diz que já teve namorada e teve amigos gays, então homofobia não é a questão — se precisa ser falado, amigas, já deu ruim. A nudez da mulher virou um tópico contorcido. Para Young, na arte ela deveria ser vista como empoderadora. Porque evidentemente a mulher é “mais bela e interessante” do que o homem. Não querer ser rotineiramente retratada de forma sexualizada não significa machismo internalizado e rejeição do feminino. Por outro lado, se você usa “biquíni enfiado na bunda” tem que esperar receber cantada, como se não fosse assédio, porque é mais vulgar do que a nudez. Essa conclusão vem da premissa de que a nudez é arte e biquininho é erótico, que nos traz a questão mal resolvida de classe. O corpo sofisticado merecedor de admiração, versus o corpo vulgar merecedor de erotização. Além de classismo, a branquitude do texto emana quando ela fala dos horrores de ter que participar de reuniões de condomínio e de sua revolta contra o trabalho doméstico. Além disso, ela fez questão de dedicar um capítulo inteiro ao dado de que mulheres a assediavam mais do que homens, chamado “tudo agora é assédio.” A experiência pessoal de Young diz muito mais sobre ela do que sobre o comportamento dos outros. Será que ela contestaria os dados indicando que homens cis estupram e matam consideravelmente mais do que mulheres? Será que precisamos dos dados para saber que isso é verdade? Estes questionamentos não cabem na linha reta de raciocínio em direção à deslegitimação do feminismo. Minha discordância não é uma agressão, mas uma defesa de uma luta que não é de uma minoria. Até concordo com as críticas ao #feminismo diluído no fluxo das redes sociais. Mas devemos estar atentos a conclusões baseadas em uma única premissa duvidosa. Fernanda Young, em sua análise sobre o feminismo, ignorou variáveis que não a serviam em sua viajem pelo controverso de alto ibope. ______ texto: Mirna Wabi-Sabi
- O Conceito de Capital Natural Está Nos Levando a Um Beco Sem Saída
Embora essa linguagem (Capital Natural) possa ter sido desenvolvida com o intuito de comunicar o custo dos danos ambientais de forma que a indústria possa entender as perdas financeiras em não preservá-las, o resultado acaba sendo a utilização de tempo e recursos para nos levar a um beco sem saída. Durante décadas, a comoditização da natureza e da agricultura em detrimento do planeta e da população – seja de humanos, animais ou plantas – tem sido criticada pela comunidade científica. O desmatamento desenfreado ameaça toda a vida na Terra, e a maioria dos danos causados aos ecossistemas no Brasil, a região de maior biodiversidade do mundo, é devido a indústrias que não satisfazem as necessidades humanas imediatas, como comida e água potável. Em vez disso, elas são direcionadas para combustível, ração para gado, óleos e assim por diante – todos os quais dependem intensamente de pesticidas. A agricultura certamente pode ser vista como um processo natural, mas a industrialização dela, principalmente através do uso de pesticidas perigosos, é bem mais difícil de descrever como tal. A pesquisadora Larissa Bombardi argumenta que a conversão da produção de alimentos em ‘commodities’ é feita por meio do “uso massivo de agrotóxicos” (2017). Enquanto isso, “ o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos desde 2008”; seu “consumo aumentou 190% na última década”. Em uma das suas publicações mais importantes, a pesquisa Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, o Atlas do Agrotóxico, Bombardi mostrou que os “30 milhões de hectares utilizados – ou desmatados – para o cultivo de soja no Brasil são o destino de mais da metade (52%) dos agrotóxicos vendidos no país. Ao considerar que essa soja é em sua esmagadora maioria (95,5%) transgênica e seu principal papel na indústria alimentícia é ser transformada em matéria-prima para a pecuária, podemos, sem dúvida, categorizá-la como uma commodity . Portanto, à medida que mais dados sobre os perigos dos pesticidas e do desmatamento são acumulados, um país megadiverso como o Brasil não apenas fracassa em desacelerar o processo de mercantilização de recursos naturais, mas o acelera. Os dados que descrevem os danos ambientais e suas repercussões são bem conhecidos por acadêmicos e jornalistas, mas não foram suficientes para provocar mudanças significativas. Possíveis soluções para esse uso insustentável da terra pelo agronegócio foram debatidas em cúpulas de líderes mundiais; tratados foram forjados, assinados e promovidos. Mas ainda nos vemos avançando cada vez mais rápido em direção à obliteração de ecossistemas naturais pelo planeta. Em seu artigo de 2021 , “Geografia da Assimetria: o ciclo vicioso dos agrotóxicos e do colonialismo na relação comercial entre o Mercosul e a União Europeia”, Larissa Bombardi destaca quantos agrotóxicos são fabricados na Europa, depois usados para produzir ‘commodities’ no Brasil, que são então vendidos de volta aos europeus. Os Países Baixos, por exemplo, consomem bilhões de euros em sucos de frutas do Brasil, cuja produção depende de substâncias não apenas mortais e proibidas na União Europeia, mas também fabricadas e vendidas por seus membros. “ Nos últimos dez anos, 56 mil pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos usados na agricultura brasileira. O país registra uma média de 5.687 casos desse tipo de intoxicação por ano, o que equivale a 15 pessoas intoxicadas por agrotóxicos todos os dias”, afirma ela. Nesse cenário, agricultores brasileiros são os que mais sofrem com esse ciclo desequilibrado de distribuição de recursos, lidando com problemas de saúde que vão de intoxicação a câncer e ideação suicida. Em seu Atlas de 2017, Bombardi argumenta que os números de intoxicações por pesticidas em todo o país são subnotificados a uma taxa de 1 a 50 – para cada 1 caso relatado, uma média de 50 possivelmente não são (página 54). Quase metade dos casos notificados foram suicídios (40%, página 55). Foi demonstrado que os pesticidas desempenham um papel em “Transtornos Psiquiátricos Menores”, como depressão, e diz-se que as dificuldades financeiras entre os agricultores exacerbam esses sintomas. Como uma possível solução para esta crise, grandes organizações internacionais, como as Nações Unidas (Sistema de Contabilidade Econômica Ambiental), investiram na ideia de “Capital Natural” – uma ferramenta no campo da economia para levar em consideração práticas comerciais ambientalmente insustentáveis em suas avaliações de risco. Ela oferece um sistema, um algoritmo, para chegar a um número ou preço. Este sistema leva em consideração o potencial de destruição ambiental de um negócio ou comércio, e o número calculado simboliza a correlação entre o dano à biodiversidade e o dano à margem de lucro desse negócio. O documento intitulado “Exposição ao risco de Capital Natural” , financiado por um ministério alemão de “desenvolvimento” econômico, composto principalmente de jargão para potenciais investidores do setor agrícola, revela quanto do obstáculo para chegar a uma solução está nas atitudes de pessoas poderosas e não na evidência do problema. Em outras palavras, mais esclarecedor do que os dados do relatório é a cultura que permite que esses dados persistam numa direção apocalíptica. Na página 79, sob o subtítulo Poluentes da Água, podemos ler que: “Para valorar os impactos sobre a biodiversidade, um estudo deve definir a biodiversidade, quantificar as perdas de biodiversidade por emissões de substâncias tóxicas por meio de modelos de dispersão e deposição e, em seguida, atribuir um valor monetário a essas perdas”. Esse estudo resulta em, por exemplo, uma fórmula que estima “o custo monetário por quilograma de substâncias tóxicas depositadas em ambientes de água doce”. A primeira variável é “disposição a pagar para restaurar”, baseada na “riqueza de espécies” da área. Portanto, o “grau” de biodiversidade de uma área influenciará o preço associado à sua potencial destruição. Não é tanto uma questão de saber se o dano está sendo causado e o seu escopo, para que possamos minimizá-lo. É uma questão de quanto estamos dispostos a pagar para continuar destruindo. Capital natural é beco sem saída? Quantificar e colocar um valor monetário no contexto da perda de biodiversidade e da saúde humana é bastante revelador das atitudes em relação ao assunto em questão. Embora essa linguagem possa ter sido desenvolvida com o intuito de comunicar o custo dos danos ambientais de forma que a indústria possa entender as perdas financeiras em não preservá-las, o resultado acaba sendo a utilização de tempo e recursos para nos levar a um beco sem saída. Como conceito, o 'Capital' Natural é contrário ao que ambientalistas vêm tentando alcançar há décadas, e é, também, contrário à natureza do capital. Se não bastassem os intermináveis debates entre líderes mundiais e acordos globais fracassados, uma quantificação do custo de vidas está acontecendo por trás de pilhas de papéis e transações financeiras. O valor dessas vidas, tanto humanas quanto mais que humanas, é transformado em variáveis num algoritmo projetado para estimar seu custo para indústrias de bilhões de euros. Na prática, os dados evidenciam que o ‘Capital Natural’ não funciona para minimizar os danos causados ao planeta e à saúde humana. ‘Comoditizar’ um problema causado pela comoditização é como tentar despoluir a água com substâncias tóxicas. Infelizmente, isso não é uma metáfora, realmente acontece. A Agência Pública revelou que mais de 700 cidades brasileiras possuem águas com níveis de toxicidade acima dos limites legais, que são consideravelmente superiores aos limites europeus. Mais da metade desses contaminantes, que incluem substâncias radioativas, pesticidas, matéria orgânica e inorgânica, são subprodutos do tratamento de água. Para aqueles que optam por legumes e frutas orgânicas ou veem o valor deles para a saúde, o tratamento da água está além do escopo de influência individual. Lavar uma maçã antes de mordê-la pode piorar o problema. A fiscalização da qualidade da água por instituições governamentais é fraca e, se os testes forem feitos, os resultados muitas vezes são ocultados do público. Assim, a população é negada não só água limpa, mas também informações sobre essa água. Ao mesmo tempo, ter acesso a essas informações está longe de ser suficiente para induzir mudanças. Quando e se pessoas influentes no setor agrícola optarem por implementar algoritmos de “Capital Natural” para atribuir um preço ao seu potencial de destruição ambiental, talvez elas estejam dispostas a aceitar o risco porque sabem que são os agricultores que pagam o maior preço. Aqueles que estão adoecendo e morrendo agora não são os que analisam os relatórios de avaliação de risco e aprovam esses projetos. Nem todos nós temos o poder de direcionar as agroindústrias multinacionais para uma direção mais sustentável, mas todos nós estamos pagando pelos danos que elas causam em algum nível. O que podemos fazer é não perder tempo e energia tentando adotar a linguagem de quem entende muito bem a nossa, mas opta por não ouvir. Texto por Mirna Wabi Sabi Imagens por Luana Fernandes
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- P9 | Alfabetização Midiática
EN What is Media Literacy? The same way we learn how to read and write text, we can learn how to interpret online content. Reading and writing are, in one way, tools for consuming and producing content, but in private. Media is the means of mass dissemination of this content. And to communicate with large amounts of people, several different avenues can be used, like radio, print publications, and the internet. Internet media is disseminated through websites, and these websites are platforms for media content. This content has an address: a link. Once we have the ability to read and write (which is literacy), we have the ability to consume and produce media in platforms with massive audiences (media literacy). Media literacy isn’t widely taught, though, not just in the internet era. We aren’t generally taught how books are published, radios are broadcasted, or how websites are built. This knowledge was often reserved for professionals in these fields, until social media democratized mass distribution of personal content (for better or for worse). Now more than ever, media literacy is a necessity for all people, of all ages. Below you will find a short course, consisting of a checklist on what to look for when consuming online content. The output of those who filled out this checklist is presented collectively in the ‘results’ section, with graphs, maps, and databases. Through this process, we train ourselves to look for relevant information, and see our individual consumption of online content in a broader context – the global online context in which we find ourselves. FORM RESULTS THE HISTORY Since the invention of the German printing press in the 15th century, which birthed the method of reproducing media on a large scale and revolutionized the consumption of information in the West, there has been false news. It was very common for these false news to be directed towards a marginalized contingent of society, such as Jewish, indigenous and black peoples. Sometimes, atrocities committed by ‘undesirable’ members of society were made up. Other times, atrocities committed by ‘desirable’ members of society were omitted. In other words, deceptive media is one that not only lies, but also omits truthful information. Because of the continued presence of falsehood in the media over the past five centuries, many journalists like to say that ‘fake news’ is not new – but it is. The term ‘fake news’ says more about the media age in which we find ourselves, than the practice of disseminating misinformation. False information has always circulated through media, but today it circulates in a particular way, with the use of new technological tools, such as social media boosts and bots. In the first half of the 20th century, the first Brazilian ‘media baron’, Assis Chateaubriand, threatened to ruin the reputations of people and companies with false news in exchange for money (essentially blackmail). Today, technological advances significantly changed the format in which these false news get disseminated, and by whom. What’s App, Facebook, Twitter, Telegram, Instagram are explosive and unprecedented formats of disseminating media. Most people are able to produce media content, and most of those who can, do it constantly. When we see news on one of these platforms, we also see who and how many people reacted to it, which influences not only what we feel about the news, but also about the others who consume it – all instantly. We can believe or stop believing something depending on who or how many people ‘shared it’ or ‘liked it’. In terms of ‘who’, it’s enough for a famous or credible person to believe and ‘share it’ for “the bewildered herd” (From Chomsky in Media Control) to follow. This is where ‘influencers’ come in. It terms of ‘how many’, a high number of shares helps the post reach a wider audience by appearing relevant to social media algorithms and to the people seeing it. That’s where bots come in. Here is an example of false news. Here (Abcnews.com.co) is an example of ‘fake news.’ One comes from a platform that still exists and lied. It’s an example of bad journalism. The other (Abcnews.com.co) doesn’t even exist as a platform, it pretends to be something it isn’t. We would not find this link by searching for it on our own, it is created to be believable on Facebook, as an ad. ‘Fake news’ sites have the specific purpose of buying ads on social media. [Note that I didn’t use a hyperlink for the fake news site, because I don’t want it as a backlink or as part of their PageRank.] THE TRUTH The starting point of truth is our subjectivity, it depends on each one’s perspective. All media produced by someone is a result of that person’s subjectivity. It’s necessary to be in contact with our own subjectivity, in order to be able to discern the veracity of what others produce. More important than finding answers, is asking the right questions. It’s okay if you can’t find the answers to all questions. The important thing is the process of research, because sometimes not finding the answer is valuable information in itself. Is the platform being as transparent as it could be? Lie or Deception? A lie is when, for example, an author invents information. An author can be deceptive or misleading without inventing anything. They may select truthful information, omit another piece of information, place these pieces out of context, and use sensational tools to provoke certain emotions in the audience. Generally, media literacy courses focus on how to identify objective and neutral journalistic language. This, however, does not exist. It is not always easy to discern sensational and misleading tools from effective or creative methods of delivering information to an audience. Some identifiable tools, even if subjective, are: – Dramatic music. – Shocking images and words. – Exclamation points. – Titles that cause fear, and pass on little information. – Titles that speak directly to you. Focusing on a guideline or checklist on how to identify ‘fake news’ can make us even more vulnerable to them. These guidelines can become new, effective tools for their dissemination. For example, if I say to you: “only trust newspapers that do not use exclamation points on titles,” this guideline can be used by any deceitful platform to gain your trust. A much stronger tool than memorizing identifiable ‘fake news’ characteristics is to have a clear sense of your own values, and political goals. ‘Fake News’, ‘bots’ and people with an interest in using these tools to steer the behavior of a wide audience, target ‘influenceable’ and undecided people. That doesn’t necessarily mean people who are on the fence about a subject. Dogmatic people are as easy to influence, because their reference of truth is outside themselves. That’s why the search for your own truth is fundamental to make ‘fake news’ ineffective, which is the most effective way to combat it. Thought, speech, and action should be one, as should your ideas, what you share with others and how you live your life. This is an exercise in balance – being open to learning new things, while not losing sight of your own truth and lived experiences. THE AUDIENCE When we produce media, we think of a target audience so that we can make it effective in delivering the message. A newspaper, for example, has an audience, and the values of each one of them exist in symbiosis. The media literacy process involves the analysis of the values of the institutions and/or people that produce media, based on the recognition of our own values as an audience. Many people who produce media on the internet are not honest, or transparent, about what their values and intentions are. There are media tactics that aim to manipulate a specific audience, that use tools that provoke targeted emotions. Art also aims to provoke emotions; academic writing is intended to be verifiable and validated. These are tools that can be used in ways that are subtle, exaggerated, effective, manipulative, untruthful, misleading, etc. Our analysis of how these tools are used depends on our understanding of how we use them ourselves, and why. What constitutes content accessible to the general public? For content to be accessible, it needs to be able to reach the audience it sets out to reach. For example, for a video to reach an Instagram audience, it needs to last a maximum of one minute, because this is (or was) the limitation of the platform visited by that audience. How to identify whether a text aims to reach a lay audience, and not just a specialized one? A person who is not specialized and has no interest in specializing in a certain area of study will spend less time reading about this subject. So, for texts to reach this audience, they must be short. Short online texts do not need an abstract, summary, numbered sections, etc. A long text is not necessarily inaccessible. Another way of identifying the level of accessibility is to recognize excessive citations/references, usually redirecting the reader to other, even longer, academic texts. Academic requirements reflect the audience that the author intended to reach. Specific acronyms and terms have the same function. To reach a lay audience, terms must be defined, and acronyms that aren’t widespread in popular culture must be spelled out the first time they are mentioned. FBI or CIA, for example, are not acronyms that need to be spelled out, but NCI does. GLOSSARY Audience (in media) – “A media audience may be as small as one person reading a magazine or as large as billions of people around the world watching events, like 9/11, unfold live on television. Audiences have a complex relationship with the products they consume.” (New Zealand’s Ministry of Education) ‘Bot’ (on social media) – “is an agent that communicates more or less autonomously on social media, often with the task of influencing the course of discussion and/or the opinions of its readers. It is related to chatbots but mostly only uses rather simple interactions or no reactivity at all.” (Wikipedia) Dogma – “a principle or set of principles laid down by an authority as incontrovertibly true.” (Oxford Languages) ‘Fake News’ – “is a form of news consisting of deliberate disinformation or hoaxes spread via traditional news media or online social media.” (Wikipedia) Media – “the main means of mass communication (broadcasting, publishing, and the Internet) regarded collectively.” (Oxford Languages) Sensationalism – “(especially in journalism) the use of exciting or shocking stories or language at the expense of accuracy, in order to provoke public interest or excitement.” (Oxford Languages) Social Media – “websites and applications that enable users to create and share content or to participate in social networking.” (Oxford Languages) Formumário Resultados
- P9 | A Amiga da Planta
Pomar A Amiga da Planta Abacate Caju Feijão-de-porco Abacaxi Acerola Acerola Feijão-de-Porco Trametes CANTEIRO 1 Acerola Banana Pimentão Caju Flores amarelas Feijão-de-porco Abacaxi Abacate CANTEIRO 2 Ora Pro Nóbis Tomate Pime ntão Maracujá Feijão-de-porco Milho Pepino Limão Milho Tomate Ora Pro Nóbis Limão Reduviidae Melancia Abóbora Abóbora Pimentão Bananeira Boldo Genus Crinocerus CANTEIRO 3 Mamão Pimentão Fava Boldo Banana Milho Abóbora CANTEIRO 4 O Laguinho Fontes e conceito: "Minilagos podem influenciar microclimas na cidade? " "Vírus e Colonização: Nossa relação com os mosquitos " "O que laguinhos podem nos ensinar " Genus Neoplea Genus Leptodactylus Genus Leptodactylus Genus Misumenoides Itapotihyla langsdorffii Itapotihyla langsdorffii Genus Neoplea Pisauridae Philodryas nattereri Alface-d'água e caracol PANFLETO PDF de impressão Fonte
- P9 | Time ◣ Team
Time ◣ Team Mirna Wabi-Sabi fundadora • diretora • editora chefe ◣ founding member • director • editor-in-chief Fabio Teixeira fundador • fotojornalista ◣ founding member • photojournalist Cajú Mídia identidade visual • marketing ◣ visual identity • marketing Ana Botner editora ◣ editor • • • • • • • • • escritores ◣ writers Donya Ahmadi Eduardo Barbosa Fabiana Faleiros Felipe Lott Fernanda Grigolin Jere Kuzmanić Patrick Farnsworth Silvia Federici artistas visuais ◣ visual artists Alejandra Robles Iasmin Rios Izabela Moreira Karla Sampaio Riccardo Riccio Saide Jabani Sara Kovač Trovão Tropical Volodea Biri revisores ◣ revisers Guilherme Ryuichi Nox Morningstar tradutores ◣ translators Felipe Moretti Lilo Assenci